Maiêutica da revisão linguística.
Doze pontos a serem observados em um texto para que seja considerado bem revisado.
1. Considerando a revisão, no sentido que ela tem para nós, como atividade ligada à leitura, ela é “nova leitura” no sentido em que o autor já leu seu texto (e o releu muitas vezes), nova no sentido em que ela representa novidade para o revisor; mas, além de nova, ela é mais minuciosa, todos os conjuntos possíveis de elementos, serão reconsiderados clinicamente, no sentido da visão metódica, racional que será aplicada sobre todos os ângulos e em oposição (ou em conjunção) com a visão empírica do autor e seus colaboradores.
2. O conjunto de interferências efetuadas pelo revisor tem que estar perfeitamente contextualizado; tudo que for possível ou necessário deve ser discutido com o autor para ficar evidenciada sua significação, nenhuma interferência deve ser feita sem que, para ela, haja explicação linguística satisfatória; cada interferência revisional deve estar ligada às práticas de linguagem: à escuta, à leitura e à produção de textos.
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A verdade fica cristalina na tese bem escrita e revisada. |

3. Tudo fazemos no objetivo de não apenas atender a algumas normas formais, tais como a ortografia ou gramática, mas tendo em vista a função comunicacional do texto, seu aperfeiçoamento como suporte do conjunto de informações ordenado e hierarquizado, o melhor possível, para que a mensagem alcance o leitor com a maior clareza possível.
4. Na produção acadêmica, o texto está em registro formal, a norma é culta, estamos presos à ortografia oficial recém-modificada, bem como restritos à gramatica normatizada; assim com os textos acadêmicos devem ter a necessária coesão micro e macrotextual.
5. Nós vivemos nos pais do “jeitinho”, e muitos autores imaginam que, para revisar, basta “saber português” – então, contam com a ajuda daquela amiga que “dá aula de redação”… E o desastre se avizinha: quem não é profissional não tem disponibilidade integral para cada serviço com que se compromete, não conhece programas de editoração, não pode implementar mecanismos de interação com o autor, não está afeto a diferentes jargões.
6. Não há muito consenso sobre a terminologia, embora pareça que realmente “revisão de textos” seja a fórmula mais aceita para descrever o processo de reconsideração não autoral de um TO.
7. A chamada autorrevisão tem o problema de ser um entrave à redação: deixe fluir a escrita, é melhor para o texto que se escreva mais em quantidade e velocidade que parando muito, releia seu texto a intervalos maiores; isso é mais produtivo.
8. Em geral, os clientes precisam e esperam muito da revisão do texto, mas ainda não percebem o que pode fazer grande diferença: um revisor profissional.
9. O texto acadêmico tem características próprias, diferentes do texto literário ou jornalístico, por exemplo, portanto requer estrutura própria de apresentação das informações, dos argumentos e das conclusões obtidas; muitas vezes essa estrutura é formal, uma forma mesmo que limita a criatividade, e cumpre ao revisor, em tal caso, verificar se o texto ficou bem amarrado em tais parâmetros.
10. As pessoas que estão envolvidas na criação do texto, autor ou autores estão muito próximas dele, podem deixar passar lapsos por terem uma leitura já apressada, ou pior: podem não perceber as dificuldades que uma pessoa de fora teria em compreender as informações e argumentos.
11. Escrever é um processo de criação comprometido com a apresentação de uma verdade ou ficção, suposta ou plausível, de um conhecimento produzido ou de análises sobre conhecimentos anteriores – quando não for tudo isso.
12. O processo de revisão, como modernamente o compreendemos, pressupõe alteridade – o que quer dizer que é necessária outra pessoa, de fora do processo de criação do texto, para revisá-lo com isenção e distanciamento.