A importância da capacitação de revisores.
Dominar o método a ser aplicado para realizar revisões de textos satisfatórias é, se não, um pré-requisito, pelo menos um primeiro passo na formação de futuros treinadores de revisores.
É realmente essencial dominar o saber-fazer e ser capaz de ensiná-lo e transmiti-lo. No entanto, esses futuros formadores de revisores nem sempre são revisores profissionais que receberam instruções adequadas de metodologia do ensino. Este é mesmo muito raramente o caso; na maioria das vezes, são professores de português que desejam “evoluir” para professores de revisão. Por isso, é imprescindível conscientizá-los sobre o andamento da operação de revisão, mostrar a inadequação e a irrelevância da mera aplicação das regras da linguística aplicada e desenvolver, por fim, a abordagem didática da revisão profissional. Note-se que o método aplicado à execução da revisão de textos de natureza técnica também se aplica à revisão de textos literários. Uma vez adquirido o método, resta um ponto crucial que merece uma consideração cuidadosa: a escolha dos textos de trabalho. De fato, o único material disponível para o professor formar futuros revisores profissionais e, portanto, futuros formadores de revisores é o texto de trabalho. Portanto, parece útil fazer com que os futuros treinadores reflitam sobre o que é um bom texto de trabalho e quais são suas características.
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Em primeiro lugar, precisamos estar cientes de que não há um bom texto de trabalhar em absoluto. Na verdade, um texto é bom se for adaptado ao nível de aprendizagem dos alunos. Na verdade, qualquer texto de trabalho deve fazer parte de uma progressão. Assim, um texto pode ser julgado “bom” se for proposto após um texto e antes de outro, ou para o início do treinamento, em vez de no final do curso, ou como um estudo coletivo. Da mesma forma que dois grandes tempos foram distinguidos na formação de revisores profissionais – abordagem metodológica e formação de revisão e, da mesma forma, duas categorias de requisitos para a escolha dos textos devem ser separadas. Para o desenvolvimento metodológico, é importante levar os revisores aprendizes a enfrentar dificuldades de diferentes tipos: linguístico, cultural, intertextual, temático, gêneros, entre outros.
Os textos são escolhidos de acordo com a atividade educativa à qual podem dar origem. Para o treinamento de revisão, é útil colocar o aprendiz em uma situação que seja o mais perto possível da vida profissional. Para isso, a simulação das condições de prática deve o mais fiel possível – antes de se passar ao uso de ordens de serviço de tarefas reais. Os textos selecionados deverão uma amostra diversificada de textos que podem ser revisados na vida profissional. Para cobrir a maior gama possível de gêneros e finalidades, a amostragem pode incluir: textos prescritivos, texto promocionais, textos legais, como regulamentos, textos procedimentais, textos acadêmicos e mais um sem-número de variedades. Também deve ser estudados os procedimentos de revisão de textos ficcionais, estéticos, poéticos… Além disso, a fim de se aproximar o mais possível das realidades da profissão, o revisor sênior se certificará de utilizar apenas textos autênticos e integrais e especificar sua origem (data, autor, procedência, circunstâncias da emissão do texto a ser traduzido…) bem como destino de revisão (meio de transmissão, uso futuro, função…). Mesmo na situação de treinamento, essas indicações fictícias devem constituir os prolegômenos da formação, passando-se, tão cedo quanto possível a tarefas reais, mas eles permitem que o aprendiz revisor para se acostumar a tomar posições em situação autêntica de comunicação e mercado. Somente a situação autêntica refletirá as pressões do mundo editorial. É claro, as condições de prática da profissão não são aquelas que prevalecem em uma sala de aula tradicional ou nos ambientes de ensino a distância.