Revisão de textos como mediação linguística.
A questão entre fidelidade ou traição em relação ao trabalho revisor tem muitas nuances assemelhadas ao mesmo questionamento em relação à tradução. Se, durante séculos, o debate sobre a tradução foi em torno dessa dicotomia, sendo a fidelidade geralmente entendida como a tradução literal do texto original e a traição como qualquer tentativa de adaptar o texto a um novo leitor, às vezes muito diferente do destinatário do original, tais problemas subsistem quanto à revisão. É bem certo que os critérios nos quais tais julgamentos baseiam são, muitas vezes, vagos e muito subjetivos, mas isso não afasta nem resolve a questão, pelo contrário, apenas agudiza a querela. Esse conjunto de problemas passou a ser mais afeto à revisão, à medida em que ela deixou de ser uma prática corretiva para se aproximar de um processo de aferição de textualidade; quando o revisor deixou de ser o corretor tipográfico para ser mais um intercessor na produção textual e suas ações passaram a ser efetivas interferências no texto. Nesse bojo, toda a discussão entre o papel do intercessor e a fidelidade, entre a interferência e a traição.
![]() |
O melhor
revisor de texto trabalha em interação com o autor. |

- Os parâmetros de revisão profissional são os mesmos inicialmente ligados ao processo de leitura; envolvem uma multiplicidade de operações cognitivas.
- Na revisão, deve-se considerar o contexto de enunciação, adaptando o vocabulário e, de forma geral, a linguagem às habilidades interpretativas dos leitores ao tempo da leitura.
- A revisão tem sido objeto de muito pouco questionamento epistemológico por aqueles que exercem o ofício e quase nenhum por estranhos à atuação.
- A revisão de poesia (re)sugere pela tensão na qual a criação, tanto poética quanto do trabalho do revisor, é um dos polos.
- Durante séculos, o debate sobre a tradução foi em torno da fidelidade, entendida como a tradução literal do texto original e a traição como qualquer tentativa de adaptar o texto a um novo leitor, tais problemas subsistem quanto à revisão.
- Supondo que o texto seja considerado satisfatório, a maioria dos artigos não pode explicar a diversidade de seu contexto de escrita que a obra de revisão deveria elucidar.
- A revisão questiona os modelos de ciências da comunicação para reexaminar de forma ampla situações em que a linguagem está “em questão”, sob observação na interação e escrita por todos os sujeitos.
- A teoria da revisão apresenta reflexos sobre a linguagem e seus usos e sobre situações de mediação, pois pressupõe ponderação sobre os escritos, sobre a natureza e legitimidade de sua interação, assim como sobre a materialidade de suas trocas.
- Os fatores extralinguísticos que influenciam a revisão não se manifestam apenas na interpretação e comunicação de sentido, mas também no papel que o texto traduzido deve desempenhar no leitor.
- Metáforas de circulação, da passagem, acentuam a dimensão efêmera, quase mecânica da revisão – prática esquiva, sorrelfa, a ponto de nos permitir falarmos de uma “caixa preta”.
- Para descrever o processo de revisão na mente do revisor, passamos para metáforas topológicas de encruzilhadas que hoje estão muito presentes nos discursos sobre a pluralidade linguística.
- A revisão é o campo de batalha em que as questões linguísticas aparecem nas relações interpessoais, não apenas no problema das línguas dominantes e dominadas, mas também na definição da ciência e do discurso científico.