Práticas do revisor de textos.
Ao tentarmos definir o revisor por suas ações, usamos as palavras intercessão, intervenção, interferência e mediação quase indistintamente, tomando uma pela outra, naquela primeira passagem, sem estabelecer as nuances de cada uma, num exercício de sinonímia e mesmo de esvaziamento semântico de cada uma delas para integrar os sentidos de todas elas e extrair, de cada uma, parte de seu significado – abandonando um pouco as significâncias. Naquele momento, esse jogo de palavras procurou definir um profissional pelas suas práticas, o que é uma forma aceitável, mas não completamente satisfatória; poderíamos ser acusados de tautologia: revisor é quem revisa, já que interceder, intervir e mediar um texto são atividades que expressam as práticas da revisão!
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A formatação
profissional agrega qualidade. |

- A revisão deve agora evitar se impor como processo de apontar problemas, mas tornando-se um procedimento mutuamente benéfico, em que avança o autor, mas também beneficia o revisor no sentido de que ele seja forçado a chegar ao fundo das questões.
- Assumindo a abordagem interacionista do processo de revisão, consideramos inertes às práticas do revisor os seguintes pressupostos:
(i) a linguagem tem papel central;
(ii) é necessária a utilização de conhecimentos linguísticos, textuais e contextuais;
(iii) são também mobilizadas representações e conhecimentos relativos aos modelos de gêneros. - Esse jogo de palavras procurou definir um profissional pelas suas práticas, o que é uma forma aceitável, mas não completamente satisfatória; poderíamos ser acusados de tautologia: revisor é quem revisa, já que interceder, intervir e mediar um texto são atividades que expressam as práticas da revisão.
- Assim como com o tempo utilizado, o revisor terá que adaptar sua revisão de acordo com as condições todas em que o autor trabalhou: ruídos e dispersões a que esteve submetido no ambiente de trabalho ou em função de preocupações latentes durante a redação.
- De fato, a grande vantagem da revisão reside em que o revisor pode se colocar no lugar do leitor-alvo, alheando-se do eu autoral.
- Não se podem produzir catarses tão díspares quanto emular a um só tempo as personas do autor e do leitor, mas o avatar do revisor transcende entre os dois corpos abstraindo-lhes as almas.
- A relação entre revisor e revisão, como prática e como produto, toca em importante dimensão profissional da revisão.
- Antes de perguntar sobre parâmetros de revisão, o revisor deve primeiro determinar como ele abordará o objeto: ele vai ler o conjunto e depois proceder as interferências com a visão global, ou ler interferindo já de imediato?
- A qualidade da revisão se deve menos à escolha da ordem de leitura que ao fato de aderir a um procedimento sistemático, ler os textos na ordem lógica traz benefício.
- O fato de o trabalho do revisor ser tão maltratado talvez seja devido à pouca visibilidade; assim, pouco se fala em revisão e pouco é revisado, muito pouco é revisado adequadamente, e a bem pouca visibilidade sempre significa controle deficiente das posições de mercado.
- Certos textos absolutamente precisam ser revisados, por exemplo, relatórios anuais, discursos, documentos de grande circulação, documentos sensíveis e comunicações oficiais, enquanto outros podem estar sujeitos a um controle mais limitado.
- No caso extremo em que o escrito seja tão ruim que não seja passível de revisão (podemos garantir que esse limite está situado no campo real!), o revisor deve recusar o serviço e garantir que o texto seja devolvido ao autor para melhoria.