Sugestões para a redação acadêmica
Sugestões para redação são sempre bem-vindas; os autores devem sempre procurá-las e, mesmo os que já sejam experientes, ocasionalmente reler algumas. Vale até para revisores de textos, pois o uso do cachimbo entorta a boca: é também na prática que se adquirem vícios - mesmo os de linguagem. A linguagem acadêmica tem seus cacoetes, suas especificidades; essas dicas que se seguem são para esse tipo especial de texto, mas servem à maioria dos outros - quase sempre.
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O texto não deve apenas parecer inteligente. Deve ser claro e verdadeiro. |
- Não se preocupe em demasia com questões gráficas, deixe para o formatador.
- Redação planejada evita esforços inúteis.
- Planeje também a revisão de seu texto.
- Proceda como se estivesse escrevendo para leitores com interesses muito variados e níveis de exigência também desiguais.
- O melhor caminho, nesse caso, é redigir um registro estruturado e completo: expor o seu problema, o método de abordá-lo, as análises e conclusões.
- Um texto de boa qualidade deve ter clareza, estrutura lógica, análises bem fundadas e, de preferência, um estilo fluente e sedutor.
- Um texto legível não é apenas escrito em bom português, sem erros gramaticais. É, em primeiro lugar, algo que não deixa o leitor confuso a respeito daquilo que se quer dizer, nem aborrecido com a forma de exposição.
- Procure sempre a clareza, a exatidão e a meticulosidade – esses cuidados visam evitar que o leitor interprete equivocadamente aquilo que você disse.
- Considere, como regra geral, que um parágrafo não deveria ser mais longo que uma dúzia de linhas datilografadas. Parágrafos bastante curtos devem ser usados raramente; parágrafos de única frase, quase nunca.
- Tente, sempre que possível, utilizar uma sentença “tópica” no começo ou no fim de cada parágrafo – isto é, uma sentença que indique sinteticamente seu conteúdo ou propósito.
- No caso de dados estatísticos o texto não deve repetir as tabelas, mas delas extrair conclusões.
- Por nossa conta: lembre-se de que texto sempre precisa de revisão!
Como não redigir o texto científico
Revisores são críticos de textos e, sempre que nos deparamos com redação do tipo que se segue, temos a obrigação de fazer cortes, mas nem sempre os autores nos permitem. Na verdade, os autores é que não se deveriam se permitir esse tipo de redação:
Nesta tese, a utilização potencial da hipótese incrementa a superação de cada obstáculo e/ou resistência passiva para além das contradições e dificuldades iniciais, não omitindo ou calando, mas antes particularizando, como sua premissa indispensável e condicionante, o aplanamento de discrepâncias e discrasias existentes. O método participativo proposto se caracteriza pela correta relação entre estrutura e superestrutura numa visão orgânica e não totalizante, recuperando, ou antes revalorizando, no contexto de um sistema integrado, o co-envolvimento ativo de operadores e utentes. Assim, o critério metodológico propõe-se a uma coligação orgânica interdisciplinar para uma práxis de trabalho de grupo, com critérios não-dirigísticos, potenciando e incrementando, com as devidas e imprescindíveis enfatizações, um indispensável salto de qualidade. O quadro normativo incrementa o reconhecimento da demanda não satisfeita, para além das contradições e dificuldades iniciais, não assumindo nunca como implícito, em termos de eficácia e eficiência, a transparência metodológica. A necessidade emergente privilegia a pontual correspondência entre objetivos e recursos segundo um módulo de interdependência horizontal, ativando e implementando, como sua premissa indispensável e condicionante, a adoção de uma metodologia diferenciada. |
O texto poderia até ser mais longo, mas já se presta a exemplificar negativamente. Esse segmento foi construído a partir de um quadro conhecido como gerador de lero-lero, mas está ultrapassado; atualmente, existem recursos automáticos para isso, como o Lero-lero e o Gerador de Lero-lero v2.0, duas matrizes para se construir a ironia de como não deve ser o texto acadêmico.
Seguindo pela ironia
Um pouco de ironia pode ajudar a escrever bem, mas nada dispensa a interferência de um revisor de textos. A função do revisor, como leitor profissional, ultrapassa todas as dicas e recomendações de redação, pois ele vê o texto do ponto de vista externo e com conhecimento linguístico - nunca com os mesmos olhos do autor.
Todas as recomendações que já foram feitas sobre a redação fazem parte do repertório do revisor de textos.
- Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
- É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
- Anule aliterações altamente abusivas.
- não esqueça as maiúsculas no início das frases.
- Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
- O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
- Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
- Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??... então valeu!
- Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.
- Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
- Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
- Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".
- Frases incompletas podem causar
- Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.
- Seja mais ou menos específico.
- Frases com apenas uma palavra? Jamais!
- A voz passiva deve ser evitada.
- Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação
- Quem precisa de perguntas retóricas?
- Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
- Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
- Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"
- Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
- Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
- Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
- Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
- Seja incisivo e coerente, ou não.
- Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.
- Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo!... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu bichinho?
- Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.
- Não diga quem é o autor de algo que você encontrou na internet, assim com eu usei essas dicas do Professor João Pedro, UNICAMP, sem dizer antes que ele as escreveu.