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Expressões que o revisor de textos vai cortar

Evitem criteriosamente bordões e frases feitas.

Todos os bordões e frases feitas que devem ser suprimidos - o texto só tem a lucrar sem eles. Há também erros crassos que são recorrentes. Há aqui alguns alertas! Há muito mais que isso, mas tome estes exemplos como princípios de uma lista que é sempre crescente.
Quando se trata do texto acadêmico, como no caso dos artigos científicos, das dissertações e teses, essas frases feitas são completamente inadequadas, não devem mesmo ser usadas e os erros que apontamos abaixo serão todos cuidadosamente podados pelo revisor; linguista não tolera essas construções em gêneros formais de textos.
Existem expressões a que as pessoas recorrem “a todo momento” (sempre) e que repercutem no nível de texto (qualidade), esses bordões devem ser evitados, principalmente no texto acadêmico.
Lugares-comuns são cortados pelos revisores de uma tese.
Os revisores de textos não usam mais a famigerada caneta vermelha. Ainda assim, eles não têm dó de cortar o que sobra nos textos de seus clientes, pois a máxima "menos é mais" vale para os textos como em várias situações.

Esteja certo de que o revisor vai cortar todos os bordões, lugares-comuns e reduzir as frases feitas quando encontrar essas construções, principalmente se elas se tornarem recorrentes no texto.

  • A nível de...” Apesar de ser uma das preferidas de todo tipo de gente que quer falar bonito, a expressão não existe na língua portuguesa. Só use nível em sentido próprio: nível do mar, nível da água na represa.
  • Através” com função de preposição: “conseguir aprovação através de muito estudo” – isso não existe. Conseguir aprovação com muito estudo. Através é advérbio: de lado, de través, transversalmente, de atravessado.
  • Ele não se encontra no momento.” Quem fala corretamente o idioma pode acreditar que a pessoa em questão está sofrendo das faculdades mentais, perdido em si. Dizer simplesmente que “ele não está” pode evitar esses mal-entendidos.
  • Enquanto mulher, não me sinto discriminada.” O fator de discriminação deve ser o mau emprego da conjunção “enquanto”, que só tem conotação temporal. Melhor dizer: “Como mulher...”
  • Entre ele e eu não há problemas.” Engano! O problema, grave, por sinal, é que a forma correta é: “Entre ele e mim”.
  • Exmo. sr., em resposta à vossa carta...” O “Exmo. sr.” é uma terceira pessoa do singular, que, apesar de muito importante, não aceita o imponente “vossa”, destinado à segunda pessoa do plural. Escreve-se: “Em resposta a sua carta”.
  • Fazer uma análise” … Analisar! Prefira o verbo que descreve a ação. “Fazer uma pesquisa” … Pesquisar! Esse tipo de construção empresta maior credibilidade ao texto.
  • Houveram muitos presentes.” Ausente, no caso, é a concordância. Quando significa existir, o verbo haver é impessoal e não declina. Diz-se: “Houve muitos presentes”.
  • Não lhe entendi”, “há quanto tempo não lhe vejo!” Entender, ver e todos os verbos que pedem complemento direto não combinam com pronomes oblíquos. O certo é: “Não o entendi”, “não a vejo” etc.
  • Não se ouve queixas.” Mas devem-se ouvir. Esta é uma voz passiva sintética, que equivale a “queixas não são ouvidas”. O certo, portanto, é: “Não se ouvem queixas”, assim como “não se aceitam propinas”, “vendem-se apartamentos”.
  • No sentido de facilitar as coisas.” Melhor mesmo não complicar. Diga simplesmente: “Para facilitar...” - faz muito mais sentido.
  • O seu”, “a sua”, “do seu”, “da sua”… O artigo (o, a…) é simplesmente supérfluo antes do pronome relativo ou possessivo. Suprima-o em favor da concisão e da elevação do registro à formalidade acadêmica. Este emprego de artigos cabe na linguagem familiar e coloquial.
  • Ou seja”. Na verdade, “ou seja” nunca foi. É preferível cortar, aplicando o princípio da concisão. Principalmente quando se torna um bordão e se repete a cada oração explicativa. As orações coordenadas assindéticas passam muito bem sem essa expressão pobre entre elas.
  • Se você ver ele”, “quando eu propor”, “se lhe convir”, “se nós determos a inflação.”. O correto é: “Se você o vir”, “quando eu propuser”, “se lhe convier”, “se nós detivermos a inflação”. Nem sempre é fácil, mas tem que saber.
  • Um único.” Enquanto não houver “um duplo”, “um único” representará pleonasmo. Para reforçar a ideia de unidade (e evitar a ambiguidade entre numeral e artigo – um), mude o numeral “único” de posição: troque “um único exemplo” por “um exemplo único” que o texto agradece.
  • Vamos se encontrar.” Impossível. A primeira pessoa do plural (nós vamos) nunca se encontra com a terceira do singular (se). Diga-se: “Vamos nos encontrar”.

Concordância de gênero e grau

  • "São meio-dia e meio." Duas vezes errado. meio-dia é singular, e hora é feminina. Logo: "É meio-dia e meia" (mais meia hora).
  • "É ela mesmo." Não é. "É ela mesma."
  • "Segue anexo as faturas." Novamente dupla falta. "Seguem anexas as faturas" é como deve ser.

Redundância, pleonasmo vicioso

  • "Há quinze dias atrás." Ou um ou outro. "Quinze dias atrás" ou "há quinze dias".
  • "Tenho um amigo meu." Não é preciso reforçar. Se você o tem, ele é seu.
  • "Pessoa humana." Pessoa ou ser humano. Como preferir.

Palavras que são mal pronunciadas e mal escritas

  • Vamos deixar claro: não existe adevogado (advogado), nem réfem (refém), nem rúbrica (rubrica), nem íbero (ibero), nem discreção (discrição). Também não se diz rúim, mas ruim, nem interim, mas ínterim. E, embora não venha ao caso, é importante saber que não há estrupos, mas estupros, nem sombrancelhas (e sim sobrancelhas), nem beneficiência ( e sim beneficência). Na dúvida, consulte o dicionário. Por favor, em exoesqueleto, aquele "x" se pronuncia como "z", como em exotérico.

Uso inadequado de expressões

  • "Propositura" (em vez de proposta), "penalizar o infrator" (em vez de punir), "prostrado em frente à porta" (no lugar de postado) etc. Muita gente acha que falar bem implica usar palavras imponentes. Para evitar essas confusões, o melhor recurso é ler muito.

Crase

  • Não há mistério: só existe quando os artigos femininos (a, as) se seguem à preposição a. Exemplos: "Vou à reunião das 14h" (para a reunião), "em resposta às perguntas" (dando resposta para as perguntas).

Quando falar inglês não vale a pena

Falar inglês é indispensável, mas no contexto adequado. Quando a expressão já está incorporada ao universo do executivo, como marketing, benchmark ou breakeven, tudo bem. Mas fazer um discurso bilíngue o tempo todo pode se arrogante ou, pior, ininteligível.
Uma das grandes qualidades de um profissional é o domínio da sua própria língua. O vocabulário rico e bem empregado soa bem e valoriza o texto e o profissional
Então vale a pena substituir o "deletar" por suprimir (exceto quando se tratar propriamente de informática), "insertar" por inserir, e outros neologismos similares.
Recomenda-se também desistir de contrabandear do tempo verbal inglês future continuous, que em português se transforma em aberrações do tipo: "Na próxima semana eu vou estar lhe mandando uma cópia do contrato".

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