Revisão é a atividade de interferência alterna no texto: o revisor se posiciona como intercessor, uma dentre as múltiplas personas que têm voz; estamos tratando da reconsideração do escrito, tendo em vista cada letra, sílaba, som ou frase – bem como de todos os conjuntos possíveis desses elementos, analisados clínica e conjunturalmente, com o sentido da visão metódica, racional, aplicada sobre todos os ângulos, em conjunção à vivência que o autor e os colaboradores tiveram do texto.
Este livro é um diálogo entre pares, de revisores para revisores. É lição do revisor mais experiente para o menos calejado, mas esperamos que a obra venha a ser uma abertura para a comunicação também no sentido inverso: as lições que vierem dos leitores também nos serão de grande valia.
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O conjunto de interferências efetuadas pelo revisor tem que estar perfeitamente contextualizado; tudo que for possível deve ser discutido com o autor, de tal sorte que nenhuma alteração seja proposta sem que para ela haja explicação linguística satisfatória; cada interferência nos textos deve estar ligada às práticas de linguagem; a revisão deve também refletir os constantes avanços dos estudos linguísticos e estar sujeita ao processo contínuo de crítica. Apresentaremos dois modelos cognitivos para as interferências textuais conhecidas como revisão. O primeiro consiste na especificação dos processos de revisão. O outro modelo enfatiza o papel da metacognição e da memória no processo de revisão. Tentamos definir a revisão listando todas as tarefas da disciplina, tornando bem clara a distinção entre correção e revisão. Sempre é bom lembrar que o revisor também é animal cultural e que a revisão faz a transição da cultura de um (o autor) para outra cultura de outro (o leitor). Como todos fazem parte da sociedade, revisão tem a ver com a comunicação entre as pessoas que são parte da comunidade. O bom revisor de textos está ciente de que o objetivo da revisão é melhorar a qualidade textual, assim, seu papel é colaborativo, identificando pontos fracos do escrito e intervindo com consciência e conhecimento de causa, intercedendo como um elo na malha supratextual. A revisão de textos, compreendida como interferência, é composta de diversos procedimentos, compreendendo lista extensa de checagem. O termo revisão descreve sempre atividade ligada à leitura, no sentido em que o autor já leu seu texto e agora ela será novidade para o revisor, leitura mais minuciosa, direcionada, perscrutadora: ela estará atenta a um sem-número de fatores aos quais o autor não costuma dar atenção; estamos falando de um novo exame, em que cada letra, cada sílaba, cada som – bem como todos os conjuntos e arranjos possíveis desses elementos, reconsiderados clinicamente, com o sentido da visão metódica que será aplicada sobre todos os ângulos do texto.
Revisão de textos: interferência e intercessão by Publio Athayde on Scribd